1992 – ERA DAS CAVERNAS

Ricardo e a uma das cavernas Em 01/05/1992, Eu e meu amigo Ricardo colocamos a caverna numero 6 em cima do gabarito acabado. Esse foi um primeiro marco. Primeiras cavernas sobre o gabarito… (olha… assim será… tira uma foto !!!).

Os meses seguintes são de trabalho duro, sozinho e cheios de artifícios para construir com apenas duas mãos. Rotina, corta, encaixa, lixa, fixa, corta… Aos poucos aquele monte de madeira está tomando forma. Mas as vezes as incertezas acompanham a construção. Será? Posso mesmo?  Conseguirei?

Casco em Cosntrução

vista do espaço entre os dois barcos

imagem da proa

imagem sobre a quilhaamigo Ricardo na proa

São em média 15 horas de trabalho por dia. Mas agora com um conforto: um rádio para distração. Em um destes dias, escutando uma rádio de Paranaguá, surge a música que irá acompanhar-me nos próximos meses. Gravei um pedaço da música, e passo a ouvi-la toda noite após o serviço. ‘’Amanhã será um novo dia, da mais louca alegria, … amanhã, apesar de hoje, será a estrada que surge para se trilhar. Amanhã, mesmo que uns não queiram, será daqueles que esperam ver o dia raiar, amanhã nervos aplacados temores abrandados será pleno será pleno.”

Mais rotina :

  • De manhã cedo, calça e camiseta de mangas compridas, saio de casa para começar o trabalho ou verificar como ficou o serviço da noite anterior (cuido com os mosquitos ‘’pólvora”, mas não tem jeito, sempre acabo vítima).
  • Café pronto, paro um pouco, e volto ao trabalho. Já posso colocar uma roupa mais fresca (a partir das 08:00h quem reina nos céus são as ‘’mutucas‘’, este tipo é mais fácil de evitar).
  • 12:00h – 12:30h – Almoço
  • TrabalhoNatal de 1992
  • 19:00h – 19:30h – Jantar
  • Mais um pouco até as 22:00 ou 23:00h
  • Guardar as ferramentas escutando aquela música.
  • Hora do Banho (em épocas de colagem a remoção da cola levava no mínimo uma hora, quando saia).
  • Hora de descansar e pensar no dia que em breve viria.

As vezes recebo visitas de algumas pessoas. Isso sempre é uma injeção de ânimo. Alguns curiosos, outros amigos, e também curiosos que se tornam amigos. Passados as visitas, a volta da rotina, os sábados e domingos sáo os dias mais marcantes, os vizinhos fazendo churrasco e eu trabalhando no veleiro. Quando meu irmão vem em alguns fins de semana, aproveito a filmadora para registrar algumas fases.

vista lâminas de compensadoDia 24/12/1992 emprestei a filmadora de meu irmão para documentar o término do casco (uma ponta de orgulho). Oito meses e o casco estava praticamente pronto. É claro que faltava fazer a popa, laminar o casco, etc. Mas parece que eu já tenho meu veleiro, um veleiro de ponta cabeça, mas tenho.

Final de ano, 1992 acabou e com ele o meu dinheiro também! Já não posso continuar aqui, tenho que capitalizar algum dinheiro, não da mais! Mas não há nenhum emprego a vista. Fiquei sabendFilmando o cascoo da existência de um curso de mestrado em engenharia hidráulica na UFPR. Me inscrevo para seleção e após o envio de papeladas e entrevistas, inicio o mestrado. Troco as roupas marcadas de cola por roupas normais, retorno aos trilhos novamente. Trabalhos intelectuais em vez de manuais e agora remunerado por bolsa de estudo. O dinheiro não é muito, mas o suficiente para me manter e poder viajar fins de semana para trabalhar no Christalino. Desta forma, começo a construção da popa, é claro que em ritmo dezenas de vezes mais lento.